quarta-feira, dezembro 19, 2007

Eastern Promises


No passado dia 1 de Dezembro (sim, eu sei que demorei pra escrever) fui ao Monumental, com uma colega minha, ver o Eastern Promises do Cronenberg. Tal como o título indica existia uma promessa, vinda do Leste, uma promessa de uma melhor vida, de quem sabe a concretização de sonhos... e de mentiras.


Confesso que não sabia muito sobre a história, apenas que retratava uma família da máfia russa (vory v zakone), e a exploração sexual de mulheres, sob solo londrino. Mas pela primeira vez posso dizer que o facto de não saber muito acerca da história em si, fez me apreciar cada momento com uma antecipação fabulosa, presa em cada fala e movimento. Ainda hoje, me deparo a pensar em certas cenas, tal como na famosa luta nos banhos (que me apaixonou de uma forma que fiquei parva).

Mas de modo a não vos deixar na penumbra, apenas direi que o filme retrata então a história de Tatiana, uma jovem rapariga russa, que ao morrer após dar à luz, não só deixa a sua filha sem amparo como também um monte de questões e segredos para serem desvendados pela enfermeira, Anna, que tenta obcecadamente traduzir o seu diário em busca de familiares para notificar e entregar a criança. Como seria de supôr, os segredos que lá encontra a envolverão numa gigante e violenta teia mafiosa...


Com Naomi Watts ("Mulholland Drive" (2001), "The Ring" (2002), "King Kong" (2005), e "The Painted Veil" (2006) entre outros) no papel de Anna, Viggo Mortensen (Trilogia "Lord of the Rings", "Psycho" (1998), "Hidalgo" (2004), "A History of Violence" (2005) e o underground "The Prophecy" (1995)) como o misterioso Nikolai, e Vincent Cassel ("Le Rivières Pourpres" (2000) e "Le Rivières Pourpres: Les Anges de l'Apocalypse" (2004), "Le pacte des loups" (2001), ou o impressionante "Irréversible" (2002)) como Kirill, o dividido e perturbado herdeiro da organização.


A forma como todos os espaços foram retratados é caricata e simbólica, quase como se Cronenberg induzisse o espectador a ver os "vory" como uma comunidade de vampiros, em grandes e escuros salões, ou nas sinistras ruas e becos duma triste e tenebrosa Londres, contudo, esse mundo perigoso e cruel, é diluído pelo nevoeiro (residente habitual da cidade) ao tornar-se também misterioso e belo. De certa forma fiquei agora a pensar no Drácula... De facto não se trata de uma história trágica de como os maus são maus e os bons são uns coitadinhos que lá conseguem salvar o dia. Não existem pessoas totalmente boas, nem más, e Cronenberg sabe mostrá-lo bem.


Há certas coisas que nos apaixonam e não sabemos bem o porquê.

País de Origem: Estados Unidos da América
Ano: 2007

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